Monday, August 18, 2008

Sabaidiiiii

Todas as pessoas que encontramos que tinham passado pelo Laos tinham adorado. Pareceu-me sempre estranho, já que todos diziam que as estradas são um terror, é muito montanhoso ( = horas intermináveis de autocarro), não conhecia nenhum ponto de interesse do país, tirando Luang Prabang, e mal tinha ouvido falar dele em Portugal. Foi o sítio com pior tempo, choveu muito todos os dias e realmente, apesar de ter algumas coisas engraçadas, nenhum ponto de interesse nos pareceu excepcional (talvez tenha ajudado começarmos a sentir alguma overdose de templos e budas). Provavelmente o mais original foi fazermos tubbing, descer um rio de bóia, rodeados de penhascos incríveis. Mas, aos poucos, fomos envolvidos no ritmo relaxado do Laos, cheio de sorrisos e sabaidiiiis (olá e adeus, na realidade só com um "i", mas toda a gente diz assim), com uma autenticidade que só tinha visto em Timor.
Um dia alugámos uma bicicleta (aí então é que toda a gente nos dava atenção) e a da Leonor ficou com o pneu vazio, por sorte encontrámos logo o que parecia ser uma oficina. Estranhamente só tinha crianças, a mais velha com...sou um bocado mau nisto, mas diria uns 9 anos.

Claro que a comunicação era impossível e, no princípio, desconfiei um bocado, parecia que estavam a tentar encher o pneu sem nenhum sucesso. A menina mais velha pediu-me (pelo menos acreditei que sim) para a ajudar a deitar a bicicleta, depois arranjou uma alavanca e começou a tirar a câmara de ar. Neste momento a Leonor já estava um pouco em pânico por ver a bicicleta aos pedaços, mas a menina parecia saber o que fazia. Gritou um bocado com os pequenos e eles voltaram com uma bacia cheia de água, onde ela mergulhou a câmara de ar para descobrir onde estava o furo. Mostrou-me as bolhinhas e o adesivo que viria a soldar, nesta altura já era evidente que ela percebia muito mais do assunto do que nós. Enquanto esperávamos que o calor funcionasse, fez questão de, educadamente, nos servir um copo de água.

Eu ía mostrando aos miúdos as nossas fotografias e eles deliravam com a tecnologia. Depois de soldado o remendo de plástico, encheu a câmara de ar e, com a ajuda da equipa de mini-mecânicos, enfiou-a no pneu. Entre tudo passaram uns meros 15 minutos. Na hora de pagar a confirmação de que estávamos perante uma profissional, tentou o bluff e pediu muitos kips a mais do que seria normal, claro que, como tudo aqui, tivemos que regatear.

Diferenças

É engraçado como estes povos têm um conceito de privacidade muito diferente do nosso. É normal ver os colchões e a televisão da casa na mesma divisão que serve de café para o público. Ou entrarmos no hotel com cuidado para não tropeçar nas pessoas que estão a dormir na recepção.
São diferentes em termos de paciência, qualquer ocidental nestes autocarros a contornar ravinas em alta velocidade ficava maluco...Nós já não aguentávamos mais.
Também parecemos ser os únicos surpreendidos quando tivemos que sair do autocarro porque estava a derrapar na lama, mais uma vez em risco de ir pelo monte abaixo.
No que se come, a senhora da direita está a vender rãs. Também já vimos cobras, lesmas e cães servidos como iguarias, nos menús, nas ruas e nos mercados.

2 comments:

Anonymous said...

Cagao!!!! Tens mais sorte que juizo! Já está quase feita a tua "trip around the world!" O nosso SCP lá ganhou mais uma taça, mas os nossos aí nos Jogos do oriente nao dao uma para a caixa... Abraço aqui de BCN!

António said...

Vai mandando mais notícias Gaspar. A malta lá anda a ler o que escreves ;)

vá lá que não és só tu que viajas e para a semana também vou para fora, mas isso é para outro blog :)