Saturday, June 7, 2008

As Flores



A primeira paragem pós-Timor, descontando a obrigatória em Bali, foi num arquipélago paradisíaco que já foi português. Montes de ilhotas verdes num mar transparente recheado de corais. Infelizmente a herança que deixamos limita-se ao catolicismo e aos nomes de algumas pessoas (e do próprio arquipélago, claro). Mesmo assim foi engraçado encontrar um António Lopes logo à chegada e ver que, mesmo nas aldeias mais remotas, apesar de mais animistas do que propriamente católicos, se encontram homenagens à Nossa Senhora, no maior país muçulmano do mundo.

Deu tempo para óptimos mergulhos e para visitar aldeias tradicionais, numa viagem de carro bastante penosa, aliviada por um guia que só sabia umas três palavras em inglês, mas com quem nos fartamos de rir. Graças a ele aprendi algumas palavras básicas do bahasa indonésio.

Na viagem passamos casas típicas, arrozais, plantas do café e do cacau e estivemos de molho numas hot springs (jacuzzi natural de água quente). O objectivo principal era visitar umas pequenas aldeias.


Todas têm no centro construções em forma de guarda-sol, para simbolizar o homem (protector da família, que se pode abrigar debaixo dele) e outras, em forma de casa, representam as mulheres. O chefe da aldeia tem uma espécie de casota em cima do telhado da sua casa, para mostrar quem manda. Algumas aldeias têm uma rede onde os miúdos jogam uma espécie de fute-volei, ainda deu para dar uns toques. Não há cemitérios comuns, as pessoas de cada família são enterradas em frente à sua casa, o que faz com que a convivência com as campas não tenha qualquer solenidade (assustei-me quando a bola foi para cima de uma, mas os miúdos continuaram a jogar como se nada fosse).



Começou nas flores, mas vai-se repetindo por toda a Indonésia: “Where are you from?”, “Portugal”, “OH, Cristiano Ronaldo!!”. Sem dúvida o maior embaixador do país, substituindo o Figo. Pena que quase ninguém saiba sequer onde fica o pequeno país que cá chegou há tanto tempo. Fomos os primeiros europeus a chegar à Ásia por mar e controlamos pontos-chave do comércio com o Oriente, é bastante triste ver-nos reduzidos ao futebol. Devíamos ter deixado mais obra feita por cá e aproveitar melhor o nosso passado no presente.

Daqui a pouco vou ver a nossa estreia no europeu, às 2h45 de cá, eles são tão doidos por futebol que há cafés que ficam abertos a noite inteira para verem os jogos. Vamos lá Portugal! :)

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